Nas últimas décadas, os marxistas infiltrados na Igreja divulgaram a ideia de que,fora da Teologia da Libertação, só existe católico carrancudo burguês, que caga e anda para o sofrimento dos pobres. A preocupação com as necessidades materiais dos marginalizados seria uma exclusividade dos partidários da TL.
Por meio de filmes, discursos e livros, os “católicos vermelhos” conseguiram convencer a muitos de que, enquanto os católicos “conservadores” ficam dentro da Igreja só pregando e rezando, eles estão nas ruas agindo, ajudando os necessitados. Que lindo.
Isso ficou evidente em uma recente entrevista com o jornalista Luiz Paulo Horta. Ele, que foi amigo de Dom Eugênio Sales, foi convidado pela TV Globo para falar sobre a personalidade do falecido cardeal. Prestem atenção no comentário e na pergunta feita pela jornalista Ana Paula Araújo, durante a 1ª edição do RJTV (10/07/2012):
“A gente viu muitas vezes a face conservadora de D. Eugênio, né… Brigou ali com o pessoal da Beija-Flor, conseguiu na justiça proibir o Cristo, que estava todo esfarrapado… Também combateu muito a Teologia da Libertação…“Ao mesmo tempo em que era conservador, ele também defendeu muito os perseguidos políticos, foi muito defensor dos direitos humanos. Como é que você vê isso? Você vê isso como um contraste?”
Como assim, minha filha? De que contraste você tá falando? Quer dizer que, por ser fiel ao Papa e à doutrina da Igreja, o normal seria que Dom Eugênio fosse mau que nem pica-pau? Será que a bondade e a luta pelos direitos humanos não combinam com o perfil dos católicos “conservadores”?
Na cabeça desse povo, gente boa mesmo é aquele católico que não tá nem aí quando esculhambam seus símbolos de fé, que contraria os ensinamentos do Papa e que se orgulha de pregar heresias. O resto seria um bando de carolas hipócritas, alienados e insensíveis. Por isso, o testemunho de D. Eugênio os confunde e escandaliza, pois não se encaixa nesse esquema furado.
Entretanto, é preciso reconhecer: a mídia em geral tem feito uma bela cobertura sobre a vida de Dom Eugênio. O vigor do seu trabalho silencioso, mais do que nunca, está vindo à tona. Ex-meninos de rua, moradores de favelas, ex-desabrigados e gente humilde de todo tipo declara diante das câmeras o quanto são gratos pelo amor que receberam desse grande pai.
Dom Eugênio, é bom lembrar, realizou grandes obras de misericórdia não só no Rio, mas também em Natal-RN. Lá, ajudou a criar escolas-ambulatório, creches, patronatos para menores carentes e sindicatos (1).
Dom Eugênio era nordestino, mas bem que podia ser mineiro (“Eu não tenho culpa de comer quietinho…”). Nos anos 70 e 80, a Arquidiocese do Rio abrigou mais de 5 mil refugiados das ditaduras da América do Sul – entre eles, muitos ateus, que chegaram inclusive a tramar um plano para sequestrar o seu benfeitor. Mas um deles, um chileno, se arrependeu e contou tudo para Dom Eugênio, que tratou de vazar de sua residência antes que os sequestradores chegassem.
O caso provavelmente jamais teria se tornado público, não fosse a iniciativa do jornalista Fritz Utzeri, do Jornal do Brasil, que no ano 2000 convenceu Dom Eugênio a lhe conceder uma entrevista revelando toda a história. (2)
Dom Eugênio permaneceu calado por muitos anos, mesmo sabendo que corria pelo país a sua fama de “colaborador dos ditadores”. E a hostilidade a ele só crescia entre o pessoal de esquerda, especialmente pelo seu combate contra a linha marxista da TL (3).
No seu tempo, as bestas-feras anticatólicas que assombram a PUC-Rio – com a anuência de certos jesuítas – andavam com o rabo entre as pernas. Não tinham a coragem de atacar a Igreja com a ousadia que fazem atualmente, sem que nenhuma autoridade eclesiástica lhes ponha freio. Hoje, tem até um padre que ministra aulas lá e mantém um site que defende as práticas homossexuais. E ninguém faz nada contra!
“O dominicano Frei Betto era outro que Dom Eugenio não gostava – e, se pudesse, impedia – que se manifestasse no Rio, assim como não nutria nenhuma simpatia pelas ideias dos irmãos Boff – Leonardo e Clodovis. Leonardo, quando ainda pertencia ao clero, foi proibido de falar aos seus irmãos franciscanos no convento. Dom Eugênio ameaçou expulsá-los do Rio caso dessem vez às pregações de Leonardo. Já Clodovis foi dispensado da PUC onde dava aula. Recorreu a Roma, ganhou o processo, mas jamais voltou a uma sala: recebia o ordenado de professor, mas continuou impedido de lecionar na universidade”Fonte: Site do JB, 10/01/2012 (“Dom Eugenio Sales, um cardeal que se impôs e fez História”)
Adeus, Dom Eugênio. Que o Espírito Santo nos dê forças para seguir o seu exemplo de trabalho, amor, prudência e fidelidade à Santa Igreja. Assim, poderemos viver contentes como o senhor viveu e, um dia, morrer em paz.
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Gente, esse post tá muito sério. Tá me dando uma coceira… Eu tenho que zoar alguma coisa, senão vou ter uma crise de abstinência!
Ok, Dom Eugênio foi um grande servo de Deus. Mas que ele tinha um mau gosto danado pra arquitetura, ah isso tinha!
Vejam: isso aí ao lado é uma foto da Catedral Metropolitana do Rio, construída durante a sua gestão. Parece mais um balde velho e encardido, virado pra baixo. Tá, tá… por dentro até que é bonita, especialmente durante o dia, quando a luz natural passa pelos vitrais. Mas tudo bem, Dom Eugênio: o senhor tem crédito de sobra!
Fontes:
(1) Site do JB. Em 2000, dom Eugenio saiu da Cúria no mesmo Fusca que o trouxe ao Rio em 71. 11/07/2012
(2) Site do JB. O dia em que Dom Eugênio falou pela primeira vez sobre o refúgio a exilados. 10/07/2012
(3) Site da Agência de Notícias Zenit. Erros de Certas Teologias da Libertação. 10/02/2010
UPDATE:
Nos equivocamos ao colocar na conta de Dom Eugênio a feiúra da Catedral do Rio. Na verdade, quem ajudou a conceber este projeto semi-pagão, inspirado em uma pirâmide Maia, foi o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. Foi ele também quem lançou a pedra fundamental. Posteriormente, seu sucessor, Dom Eugênio Sales, concluiu e inaugurou a obra. Fonte: Site oficial da Catedral Metropolitana do Rio
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