segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Artigo: O que é uma Universidade Católica? João Paulo II responde.



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Com recorde de acessos e mais de 1.500 compartilhamentos, o nosso post sobre a greve da PUC-SP recebeu comentários de apoio e de desaprovação à decisão política de D. Odilo Scherer. Esse assunto ainda vai dar muito pano pra manga (acompanhem aqui as cenas dos próximos capítulos), mas, antes de seguir na discussão, é necessário que conheçamos bem o sentido daquilo que é o centro dessa polêmica: a missão e a identidade das universidades católicas.
O grande problema é que a quase totalidade dos membros atuais das PUCs do nosso país ignora completamente – ou, convenientemente, finge ignorar – o conceito de “universidade católica”, bem como as obrigações dos estudantes, professores e funcionários em relação à doutrina e à moral da Igreja.
Você sabia que a Igreja orienta os dirigentes das universidades católicas a evitarem que os não católicos se tornem a maioria em seu quadro de professores? Sabia que, antes de serem contratados, todos os professores – inclusive os ateus – deveriam se comprometer a respeitar a doutrina e a moral católica na investigação e no ensino? Sabia que todos os estudantes deveriam assumir a responsabilidade de respeitar a identidade católica da instituição?
Perguntinha básica: quantas universidades católicas você conhece que zelam pelo cumprimento destas orientações? Aguardo respostas (ouço o zunido do vento e avisto uma bola de feno passando).
A seguir, divulgamos alguns trechos muito esclarecedores da Constituição ApostólicaEx Corde Ecclesiae, em que o Beato João Paulo II estabeleceu diversas orientações e normas sobre as universidades católicas.
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ATENÇÃO: o texto a seguir (exceto os subtítulos) foi extraído da Ex Corde Ecclesiae, escrita pelo Papa JP II.
A definição de universidade católica
Artigo 2
§ 1. Uma Universidade Católica, como qualquer Universidade, é uma comunidade de estudiosos, representada por vários campos do saber humano. Ela dedica-se à investigação, ao ensino e às várias formas de serviço, compatíveis com a sua missão cultural.
§ 2. Uma Universidade Católica, enquanto católica, inspira e realiza a sua investigação, o ensino e todas as outras atividades segundo os ideais, os princípios e os comportamentos católicos. Ela está ligada à Igreja ou através dum vínculo formal segundo a constituição e os estatutos, ou em virtude dum compromisso institucional assumido pelos seus responsáveis.
Os objetivos de uma universidade católica
9. A finalidade é fazer com que se realize «uma presença, por assim dizer, pública, constante e universal do pensamento cristão em todo o esforço dedicado a promover a cultura superior, e além disso a formar todos os estudantes, de modo a que se tornem homens e mulheres verdadeiramente insignes pelo saber, prontos a realizar tarefas responsáveis na sociedade e a testemunhar a sua fé perante o mundo».
As características ESSENCIAIS de uma universidade católica
13. …ela deve possuir, enquanto católica, as seguintes características essenciais:
  1. uma inspiração cristã não só dos indivíduos, mas também da Comunidade universitária enquanto tal;
  2. uma reflexão incessante, à luz da fé católica, sobre o tesouro crescente do conhecimento humano, ao qual procura dar um contributo mediante as próprias investigações;
  3. a fidelidade à mensagem cristã tal como é apresentada pela Igreja;
  4. o empenho institucional ao serviço do povo de Deus e da família humana no seu itinerário rumo àquele objetivo transcendente que dá significado à vida.
A universidade católica deve colaborar com a evangelização
49. De acordo com a própria natureza, cada Universidade Católica oferece um importante contributo à Igreja na sua obra de evangelização (…). Além disso, todas as atividades fundamentais duma Universidade Católica estão ligadas e harmonizadas com a missão evangelizadora da Igreja (…).
Pessoas não católicas ou sem religião podem ser contratadas
26. A Comunidade universitária de muitas instituições católicas inclui colegas pertencentes a outras Igrejas, a outras Comunidades eclesiais e religiões, e bem assim colegas que não professam nenhum credo religioso.
Todos os estudantes (TODOS!), professores e funcionários devem respeitar a doutrina e a moral católicas
dr_house_ciente27. Os membros católicos da Comunidade universitária, por sua vez, são também chamados a uma fidelidade pessoal à Igreja, com tudo quanto isto comporta. Dos membros não católicos, enfim, espera-se o respeito do caráter católico da instituição na qual prestam serviço, enquanto a Universidade, por seu lado, respeitará a sua liberdade religiosa.
Artigo 4
§ 2. No momento da nomeação, todos os professores e todo o pessoal administrativo devem ser informados da identidade católica da Instituição e das suas implicações, bem como da sua responsabilidade em promover ou, ao menos, respeitar tal identidade.
§ 3. Nos modos conformes às diversas disciplinas acadêmicas, todos os professores católicos devem receber fielmente, e todos os outros professores devem respeitar, a doutrina e a moral católica na investigação e no ensino. Dum modo particular, os teólogos católicos, conscientes de cumprir um mandato recebido da Igreja, sejam fiéis ao Magistério da Igreja, que é o intérprete autêntico da Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição.
§ 4. Os professores e o pessoal administrativo que pertencem a outras Igrejas, Comunidades eclesiais ou religiosas, bem como aqueles que não professam nenhum credo religioso e todos os estudantes, têm a obrigação de reconhecer e respeitar o caráter católico da Universidade.
[Breve pausa para um comentário dA Catequista - explicando este trecho de forma bem clara: se você é aluno, funcionário ou professor de uma universidade católica, mas não compartilha da fé católica ou é contrário aos seus princípios de fé e moral, a sua liberdade de consciência e de religião serão respeitadas pela universidade. Mas o respeito deve ser MÚTUO. Assim, a universidade espera que, ao menos dentro das dependências da universidade e durante as atividades acadêmicas oficiais, você GUARDE A SUA OPINIÃO PARA SI, e respeite a identidade católica da instituição.
Não cabe, portanto, dizer em sala de aula que a Sagrada Hóstia é como "um baseado" (conforme teria dito um professor da PUCPR); ser teólogo e defender as práticas homossexuais (como faz um padre jesuíta da PUC-Rio); promover festinhas pró-maconha dentro do campus (como os alunos da PUC-SP tentaram fazer no ano passado); nem tampouco sediar dentro da universidade eventos sobre o "direito baitolístico" (como foi o caso da Unicap). Bem, o recadinho para os não católicos está resumido na imagem abaixo.]
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Os católicos devem sempre constituir a maioria dos professores
Artigo 4
§ 1. A responsabilidade de manter e de reforçar a identidade católica da Universidade compete em primeiro lugar à própria Universidade. Tal responsabilidade, enquanto está confiada principalmente às Autoridades da Universidade (…) é partilhada também em diversa medida por todos os membros da Comunidade, e exige, portanto, o recrutamento do pessoal universitário adequado — especialmente dos professores e do pessoal administrativo — que esteja disposto e seja capaz de promover tal identidade.
§ 4. Para não pôr em perigo tal identidade católica da Universidade ou do Instituto Superior, evite-se que os professores não católicos venham a constituir a maioria no interior da Instituição, a qual é e deve permanecer católica.
A universidade católica possui autonomia e liberdade acadêmica
12. Ela [a universidade católica] goza daquela autonomia institucional que é necessária para cumprir as suas funções com eficácia (…).
21. Cada membro da Comunidade, por sua vez, ajuda a promover a unidade e contribui, segundo a sua função e as suas capacidades, para as decisões que dizem respeito à mesma Comunidade, bem como para manter e reforçar o caráter católico da instituição.
29. A Igreja, aceitando «a legítima autonomia da cultura humana e especialmente das ciências», reconhece também a liberdade acadêmica de cada um dos estudiosos na disciplina da sua competência, de acordo com os princípios e os métodos da ciência, a que ela se refere, segundo as exigências da verdade e do bem comum.
Também a teologia, como ciência, tem um lugar legítimo na Universidade ao lado das outras disciplinas. Ela, como lhe compete, tem princípios e métodos que a definem precisamente como ciência. Desde que adiram a tais princípios e apliquem o seu método respectivo, os teólogos gozam também da mesma liberdade acadêmica.
Porém, se o bicho pegar, o bispo pode e deve intervir
28. Embora não entrem diretamente no governo interno da Universidade, os Bispos «não devem ser considerados agentes externos, mas sim participantes da vida da Universidade Católica».
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"NÃO ME OBRIGUEM A IR ATÉ AÍ"
29. …os teólogos deverem respeitar a autoridade dos Bispos e aderirem à doutrina católica segundo o grau de autoridade com que ela é ensinada.
Artigo 5
§ 2. Cada Bispo tem a responsabilidade de promover o bom andamento das Universidades Católicas na sua diocese e tem o direito e o dever de vigiar sobre a preservação e o incremento do seu caráter católico. No caso de surgirem problemas a respeito de tal requisito essencial, o Bispo local tomará as iniciativas necessárias para resolvê-los, de acordo com as Autoridades acadêmicas competentes e de harmonia com os processos estabelecidos  e — se necessário — com a ajuda da Santa Sé.
Mensagem final: o que está em jogo é o FUTURO DA HUMANIDADE
A missão que com grande esperança a Igreja confia às Universidades Católicas reveste um significado cultural e religioso de importância vital, porque diz respeito ao futuro mesmo da humanidade. A renovação, pedida às Universidades Católicas, torná-las-á mais capazes de corresponder ao dever de levar a mensagem de Cristo ao homem, à sociedade, às culturas (…).
E com uma esperança muito viva que dirijo este Documento a todos os homens e a todas as mulheres que, de diferentes modos, se empenham na alta missão do ensino superior católico.
Caríssimos Irmãos, o meu encorajamento e a minha confiança acompanham-Vos no vosso difícil trabalho quotidiano, cada vez mais importante, urgente e necessário para a causa da evangelização, para o futuro da cultura e das culturas. A Igreja e o mundo têm grande necessidade do vosso testemunho e do vosso contributo, competente, livre e responsável.
Dado em Roma, junto de S. Pedro, no dia 15 do mês de Agosto – Solenidade da Assunção de Maria Santíssima ao Céu – do ano de 1990, décimo segundo de pontificado.
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ATENÇÃO: agora sou eu de novo!
Alguém aí ficou tocado com a mensagem final? Tenho certeza que sim. A partir da leitura das palavras desse grande Papa, sugiro algumas reflexões.
Seguindo a indicação do Artigo 4, item 2, seria muito interessante que, antes de serem contratados, professores e funcionários das PUCs lessem essa constituição apostólica e assinassem um documento afirmando o compromisso com o seu conteúdo. O mesmo deveria ser exigido dos alunos, antes da matrícula.
É uma caracaterística católica o apoio à pluralidade, acolhendo dentro da comunidade membros não católicos; mas é inadmissível que os representantes desta pluralidade afrontem a identidade católica da instituição que os acolhe.
Já não é novidade pra ninguém que a maior parte das universidades católicas do Brasil está dominada ideologicamente por grupos anticatólicos. É a Revolução Cultural, tão sonhada por Gramsci, realizada por meio dos recursos da Igreja. E isso ocorre, em grande parte, graças à anuência e à apatia de considerável parcela dos bispos e dirigentes universitários religiosos e leigos.
Será que essa desgraça é reversível? Não sei. O fato é que se nada de concreto for feito agora para retomarmos a posse real e efetiva dessas instituições… babáu.
FIDEL_CHE

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