Arcebispo emérito do Rio morreu na noite de segunda-feira de infarto.
Contrário ao aborto e casamento homossexual, ele lutou contra a ditadura.
Dom Eugenio Sales deposita voto no 2º turno das
eleições de 2010, na zona sul do Rio (Foto: Wilton
Junior/AE)
O cardeal dom Eugenio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, morreu às 22h30 desta segunda-feira (9), aos 91 anos, após sofrer um infarto em casa.eleições de 2010, na zona sul do Rio (Foto: Wilton
Junior/AE)
Ele ficou à frente da arquidiocese carioca até 2001, onde se tornou referência na defesa de perseguidos políticos. Em 2008, soube-se que ele abrigou mais de 4.000 pessoas perseguidas pelos regimes militares do Cone Sul entre 1976 e 1982. Dom Eugenio foi um dos prelados brasileiros que mais cargos ocuparam no Vaticano.
Veja abaixo frases sobre o pensamento de dom Eugênio:
Democracia
"Um sistema político, por mais válido que seja, como a democracia, não pode ser padrão a ser seguido em toda matéria religiosa. Caso contrário, cairíamos no absurdo de a verdade ser resultado de uma votação. Assim, o ensinamento que tivesse mesmo um só voto a menos, de verdadeiro transformar-se-ia em erro, pelo princípio básico da maioria" (Texto "Obediência às Leis de Deus", publicado por ele em 2009)
Direitos humanos para bandidos
“Por mais de uma vez bandidos armados pararam meu carro quando eu subia para o Sumaré, no Rio. Quando viram que eu estava no carro, mandaram seguir. É sempre um susto. Eles conhecem o carro e procuram esconder armas. Entendo o sofrimento deles, mas isso não justifica seus atos. Bandidos têm que ser tratados como bandidos, não como cidadãos. Bandido tem direitos humanos. Não tem direito de ser bandido, mas não pode ser injustiçado” (Entrevista à "Folha de S.Paulo", novembro de 2010)
Fé em Deus
"Nunca. Eu nunca tive dúvidas. E vivo contente" (Entrevista à Globo News, outubro de 2010)
Homossexualismo
"Sou inteiramente contrário ao aborto e à exaltação dos homossexuais. Casamento de homem com homem é um erro. Sou contra, mas sempre digo que é importante ter paciência com as pessoas. É uma aberração da natureza. Mas não se pode jogar pedra" (Entrevista ao "O Estado de S.Paulo", novembro de 2010)
Imprensa
"O natural desejo de saber as últimas notícias pode se transformar em ânsia doentia, levando os fracos de caráter a revelar episódios sem um prévio exame de sua autenticidade" (Texto publicado por ele em julho de 2009)
Luta contra Ditadura Militar
"Eles estavam contra a lei aqui do Brasil, pela lei do país eu não podia agir. Eles estavam infringindo a legislação, mas como bispo eu tinha o dever (de abrigar os perseguidos)” (Entrevista à Globo News, outubro de 2010)
Medo da morte
"Não, não (tenho medo). A morte é algo inevitável. A gente sente a ausência porque a morte é sempre uma coisa que não era para ocorrer. O homem não devia morrer. Mas a morte é a passagem para uma vida definitiva" (Entrevista ao "Extra", dezembro de 2010)
Pedofilia
"Há uma manipulação desses crimes – que foram cometidos – como se a Igreja tivesse se desligado de combatê-los. Não, a Igreja sempre combateu. O Papa Bento XVI tem sido muito enérgico. É um mal que existe não só na Igreja, mas existe nas famílias também" (Entrevista ao "Extra", dezembro de 2010)
Sexo
"Certas atitudes diante do sexo estão marcadas por dois excessos, errôneos e opostos entre si: o puritanismo protecionista e a permissividade libertária. Ambos encaram o sexo de modo puramente funcional, simples fonte de prazer. (...) Uma concepção cristã distingue-se nitidamente destes dois lamentáveis extremos e firma a posição original segundo o plano divino" (Texto "A visão cristã do sexo", publicado em novembro de 2010)
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