segunda-feira, 31 de março de 2014

Cadê todo mundo?

    A vida tem fases. Da infância à fase adulta, passamos por estágios, crescemos e alcançamos a maturidade. Através desse caminho, encontramos diversas pessoas que chegam e depois desaparecem como chegaram: de repente.
    Onde estão seus amigos da infância? Aqueles pequenos e inocentes travessos e travessas que brincavam com você, seu primeiro círculo de amizades fora da família. Vários deles devem ter chegado à primeira série com você. Ali, junto com outras crianças vindas de outras escolas, você desenvolveu mais um círculo de amizades, que provavelmente estudou com você até a quarta série. Em quatro anos você aprendeu a reconhecer em quem podia confiar e quem não merecia tanta confiança assim. Aprendeu que existem gostos diferentes, vontades diversas.
    Ao passar para a quinta série, alguns amigos daquele círculo anterior podem ter ido embora. Outras escolas, outras cidades e, até mesmo, outros estados. Você sente a perda, mas fazer o quê!? Prosseguir com vida e com os estudos. A fase daqueles amigos passou. Quem sabe alguns anos adiante eles serão encontrados novamente. Os anos se passaram, e ao chegar à oitava série você descobre que muitos são amigos e outros nada têm em comum com você. E descobre também que mesmo entre os mais próximos você ainda consegue separar o joio de trigo. Há amigos de verdade e amigos de interesse. Acaba o ensino fundamental e fecha-se mais um ciclo de amizades. Quem seguir adiante, estudando com você, passará por novas transformações e talvez, ao chegar ao final do ensino médio, você terá deixado de lado algumas pessoas e incluído outras pessoas em seu círculo de amizade. É normal. A fase dos amigos do “colégio” terá passado e outra fase será iniciada.

    Vestibular e faculdade. Ali, poucos de seus amigos do ensino fundamental e do ensino médio estarão presentes. Eles ficaram para trás. Cadê todo mundo? Cada um seguiu seu caminho. Mas todos eles influenciaram na estruturação de seu caráter e de sua personalidade.
    Na faculdade, novos círculos de amizade serão formados. Mais competitivos, agressivos e extremamente duros no trato se comparados com os amigos que deixamos para trás. Ali, aprendemos que precisamos confiar desconfiando, ajudar sem envolver-se em demasia e cobrar o que se acredita ser direito, pois a sociedade exige esse treinamento. É um filtro que reduzirá o círculo de amizades.
Paralelamente a todas essas fases, temos alguns amigos pessoais que vêm da família e da nossa vizinhança. Pessoas que, na dura época da faculdade, tomam uma grande importância, pois diante da dureza do mundo é sempre bom ter pessoas que gostam de nós de forma desinteressada.
    Há também as pessoas com quem trabalhamos, que atualmente não consideramos muito como amigos, mas sim como “colegas”. Pessoas que conosco formam um time, um grupo que persegue a meta da empresa. A tensão do convívio é sempre muito maior que o possível prazer da compainha. Fala-se mais dos defeitos do que das qualidades. Mas é um grupo importante.
    E, de repente, nos sentimos sozinhos. Com tanta gente ao nosso redor, sentimos que falta algo. É geralmente o apelo pela busca da pessoa que seja a nossa outra “metade”. Quando a encontramos, desenvolvemos com ela o mais íntimo círculo de amizade. É alguém em que podemos confiar e formar uma união de profundo comprometimento. Chegamos ao ponto de amar esse amigo ou essa amiga de tal forma que nos casamos. Assim, mais um círculo é estabelecido em nossa vida.
    Enfim, cadê todo mundo? Onde foram parar as pessoas que compartilharam fases de nossa vida? Onde ficam escondidos quando mudamos de etapa? Será que conseguimos identificar a colaboração que cada um nos dá durante sua permanência conosco?
    Por isso é importante valorizar os amigo em cada momento da vida. Desde os da pré-escola, quando ainda nem sabemos quem eles são, até os amigos do trabalho. Cada um tem o seu valor. Não é possível viver, por exemplo, a grande amizade do casamento valorizando mais os amigos do futebol ou as amigas de longa data. Não é possível cultivar os amigos pessoais valorizando mais os amigos do trabalho.
Os amigos não desaparecem; apenas tomam, na vida, rumos diferentes dos nossos. Se negligenciamos, portanto, o valor que cada pessoa tem em nossa vida, talvez eles desapareçam para sempre.

Fonte: Núcleo de Catequese Paulinas - Nucap

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