quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Santos: São João Damasceno



São João de Damasco
Hoje gostaria de falar de João Damasceno, uma personalidade de primária importância na história da teologia bizantina, um grande doutor na história da Igreja universal. Ele é sobretudo uma testemunha ocular da passagem da cultura cristã grega e síria, compartilhada pela parte oriental do império bizantino, à cultura do islão, que se faz espaço com as suas conquistas militares no território habitualmente reconhecido como Médio ou Próximo Oriente.
João, nascido numa rica família cristã, ainda jovem assumiu o cargo talvez já desempenhado pelo pai de responsável económico do califado. Mas depressa, insatisfeito com a vida de corte, amadureceu a escolha monástica, entrando no mosteiro de São Saba, perto de Jerusalém. Estava-se por volta do ano 700. Sem jamais se afastar do mosteiro, dedicou-se com todas as forças à ascese e à actividade literária, sem desdenhar uma certa actividade pastoral, de que dão testemunho sobretudo as suas numerosas Homilias. A sua memória litúrgica celebra-se em 4 de Dezembro. O Papa Leão XIII proclamou-o Doutor da Igreja universal em 1890.
Dele recordam-se no Oriente principalmente os três Discursos contra aqueles que caluniam as santas imagens, que foram condenados, depois da sua morte, pelo Concílio iconoclasta de Hieria (754). Porém, estes discursos foram também o motivo fundamental da sua reabilitação e canonização por parte dos Padres ortodoxos, convocados no ii Concílio de Niceia (787), sétimo ecuménico. Nestes textos é possível encontrar as primeiras tentativas teológicas de legitimação da veneração das imagens sagradas, ligando estas ao mistério da Encarnação do Filho de Deus no seio da Virgem Maria.
Além disso, João Damasceno foi um dos primeiros a distinguir, no culto público e privado dos cristãos, entre adoração (latreia) e veneração (proskynesis): a primeira só pode dirigir-se a Deus, sumamente espiritual; a segunda, no entanto, pode utilizar uma imagem para se dirigir àquele que é representado na própria imagem. Obviamente, em nenhum caso o Santo pode ser identificado com a matéria que compõe o ícone. Esta distinção revelou-se depressa muito importante para responder de modo cristão àqueles que pretendiam como universal e perene a observância da severa proibição do Antigo Testamento sobre a utilização cultual das imagens. Este era o grande debate também no mundo islâmico, que aceita esta tradição judaica da exclusão total de imagens no culto. Quanto aos cristãos, neste contexto, debateram o problema e encontraram a justificação para a veneração das imagens. Damasceno escreve: "Outrora, Deus nunca fora representado em imagens, uma vez que era incorpóreo e sem rosto. Mas dado que agora Deus foi visto na carne e viveu no meio dos homens, eu represento aquilo que é visível em Deus. Não venero a matéria, mas o criador da matéria, que por mim se fez matéria e se dignou habitar na matéria e realizar a minha salvação através da matéria. Por isso, não cessarei de venerar a matéria através da qual chegou a minha salvação. Mas não a venero de modo algum como Deus! Como poderia ser Deus, aquilo que recebeu a existência a partir do não-ser? ... Mas venero e respeito também todo o resto da matéria que me propiciou a salvação, enquanto plena de energias e de graças santas. Não é por acaso matéria o madeiro da cruz três vezes santa? ... E a tinta e o livro santíssimo dos Evangelhos não são matéria?
O altar salvífico que nos dispensa o pão de vida não é matéria? ... E, antes de tudo, não são matéria a carne e o sangue do meu Senhor? Deves suprimir o cariz sagrado de tudo isto, ou deves conceder à tradição da Igreja a veneração das imagens de Deus e a dos amigos de Deus, que são santificados pelo nome que têm, e por esta razão são habitados pela graça do Espírito Santo. Portanto, não ofendas a matéria: ela não é desprezível, porque nada do que Deus fez é desprezível" (Contra imaginum calumniatores, I, 16, ed. Kotter, págs. 89-90). Vemos que, por causa da encarnação, a matéria parece como que divinizada, e é vista como morada de Deus. Trata-se de uma nova visão do mundo e das realidades materiais. Deus fez-se carne, e a carne tornou-se realmente morada de Deus, cuja glória resplandece no rosto humano de Cristo. Portanto, as solicitações do Doutor oriental são ainda hoje de extrema actualidade, considerada a excelsa dignidade que a matéria recebeu na Encarnação, podendo tornar-se na fé sinal e sacramento eficaz do encontro do homem com Deus. Por conseguinte, João Damasceno permanece uma testemunha privilegiada do culto do ícone, que chegará a ser um dos aspectos mais distintivos da teologia e da espiritualidade oriental até hoje. Todavia, é uma forma de culto que pertence simplesmente à fé cristã, à fé naquele Deus que se fez carne e se tornou visível. O ensinamento de São João Damasceno insere-se assim na tradição da Igreja universal, cuja doutrina sacramental prevê que elementos materiais tomados da natureza possam tornar-se pontes de graça em virtude da invocação (epiclese) do Espírito Santo, acompanhada pela profissão da verdadeira fé.
Em ligação com estas ideias fundamentais, João Dasmasceno coloca inclusive a veneração das relíquias dos santos, com base na convicção de que os santos cristãos, tornando-se partícipes da ressurreição de Cristo, não podem ser considerados simplesmente "mortos". Por exemplo, enumerando aqueles cujas relíquias ou imagens são dignas de veneração, João especifica no seu terceiro discurso em defesa das imagens: "Antes de tudo (veneramos) aqueles entre os quais Deus descansou; Ele é o único santo que repousa entre os santos (cf. Is 57, 15), como a Santa Mãe de Deus e todos os santos. Eles são aqueles que, na medida do possível, se tornaram semelhantes a Deus com a sua vontade e, pela inabitação e a ajuda de Deus, são chamados realmente deuses (cf. Sl 82, 6), não por natureza mas por contingência, assim como o ferro abrasado se chama fogo, não por natureza mas por contingência e por participação do fogo. Com efeito, diz: sereis santos, porque Eu sou santo (cf. Lv 19, 2)" (III, 33, col. 1352a). Por isso, depois de uma série de referências deste tipo, Damasceno podia tranquilamente deduzir: "Deus, que é bom e superior a toda a bondade, não se contentou com a contemplação de si mesmo, mas quis que seres por Ele beneficiados pudessem tornar-se partícipes da sua bondade: por isso, de nada criou todas as coisas visíveis e invisíveis, inclusive o homem, realidade visível e invisível. E criou-o pensando e realizando-o como um ser capaz de pensamento (ennoema ergon) enriquecido pela palavra (logo[I] sympleroumenon) e orientado para o espírito (pneumati teleioumenon)" (II, 2, pg 94, col. 865a). E para esclarecer ulteriormente o pensamento, acrescenta: "É necessário deixar-se encher de encanto (thaumazein) por todas as obras da providência (tes pronoias erga), louvá-las e aceitá-las todas, vencendo a tentação de reconhecer nelas aspectos que para muitos parecem injustos ou iníquos (adika), e admitindo contudo que o desígnio de Deus (pronoia) vai além da capacidade cognoscitiva e compreensiva (agnoston kai akatalepton) do homem, enquanto ao contrário somente Ele conhece os nossos pensamentos, as nossas acções e até o nosso futuro" (II, 29, pg 94, col. 964c). De resto, já Platão dizia que toda a filosofia começa com o encanto: também a nossa fé começa com o encanto da criação, da beleza de Deus que se faz visível.
O optimismo da contemplação natural (physiké theoria), do acto de ver na criação visível a bondade, a beleza e a verdade, este optimismo cristão não é ingénuo: tem em consideração a ferida provocada à natureza humana por uma liberdade de escolha desejada por Deus e utilizada impropriamente pelo homem, com todas as consequências de desarmonia difundida que disto derivaram. Daqui a exigência, sentida claramente pelo teólogo de Damasco, de que a natureza em que se reflectem a bondade e a beleza de Deus, feridas pela nossa culpa, "fosse revigorada e renovada" pela descida do Filho de Deus na carne, depois de Deus ter procurado demonstrar de muitos modos e em diversas ocasiões, que criara o homem para que vivesse não só no "ser", mas no "bem-ser" (cf. A fé ortodoxa, II, 1, pg 94, col. 981º). Com ímpeto apaixonado, João explica: "Era necessário que a natureza fosse revigorada e renovada, que fosse indicado e ensinado concretamente o caminho da virtude (didachthenai aretes hodón), que afasta da corrupção e leva à vida eterna... Foi assim que surgiu no horizonte da história o grande mar do amor de Deus pelo homem (philanthropias pelagos)...". É uma expressão bonita. Por um lado, vemos a beleza da criação e, por outro, a destruição provocada pela culpa humana. Mas vemos no Filho de Deus, que desce para renovar a natureza, o mar do amor de Deus pelo homem. João Damasceno acrescenta: "Ele mesmo, o Criador e o Senhor, lutou pela sua criatura, transmitindo-lhe com o exemplo o seu ensinamento... E assim o Filho de Deus, mesmo subsistindo na forma de Deus, abaixou os céus e desceu... para junto dos seus servos... realizando a coisa mais nova que todas, a única verdadeiramente nova debaixo do sol, através da qual se manifestou de modo efectivo o poder infinito de Deus" (III, 1, pg 94 coll. 981c-984b).
Podemos imaginar o alívio e a alegria que difundiam no coração dos fiéis estas palavras ricas de imagens tão fascinantes! Ouçamo-las também nós, hoje, compartilhando os mesmos sentimentos dos cristãos de outrora: Deus quer descansar em nós, deseja renovar a natureza também através da nossa conversão, quer fazer-nos participar da sua divindade. Que o Senhor nos ajude a fazer destas palavras a substância da nossa vida.
  • Fonte: Vaticano
  • segunda-feira, 15 de outubro de 2012

    Santos: São Teodoro Studita



    São Teodoro Studita
    O Santo que hoje encontramos, São Teodoro Studita leva-nos à plena Idade Média bizantina, a um período bastante turbulento sob os pontos de vista religioso e político. São Teodoro nasceu em 759 numa família nobre e piedosa: a mãe, Teoctista, e um tio, Platão, abade do mosteiro de Sakkudion na Bitínia, são venerados como santos.
    Foi precisamente o tio que o orientou para a vida monástica, que ele abraçou com a idade de 22 anos. Foi ordenado sacerdote pelo Patriarca Tarásio, mas em seguida interrompeu a comunhão com ele pela debilidade demonstrada no caso do matrimónio adulterino do imperador Constantino VI. A consequência foi o exílio de Teodoro para Tessalonica em 796. A reconciliação com a autoridade imperial teve lugar no ano seguinte, sob a imperatriz Irene, cuja benevolência levou Teodoro e Platão a transferir-se para o mosteiro urbano de Studios, juntamente com uma boa parte da comunidade dos monges de Sakkudion, para evitar as incursões dos sarracenos. Deste modo teve início a importante "reforma studita".
    Todavia, a vicissitude pessoal de Teodoro continuou a ser movimentada. Com a sua energia habitual, tornou-se o chefe da resistência contra o iconoclasmo de Leão V, o Arménio, que se opôs novamente à existência de imagens e ícones na Igreja. A procissão de ícones organizada pelos montes de Studios desencadeou a reacção da polícia. De 815 a 821, Teodoro foi flagelado, aprisionado e exilado em diversos lugares da Ásia. No final conseguiu voltar para Constantinopla, mas não para o seu mosteiro. Então, estabeleceu-se com os seus monges na outra margem do Bósforo. Parece que veio a falecer em Prinkipo, a 11 de Novembro de 826, dia em que o calendário bizantino o recorda. Teodoro distinguiu-se na história da Igreja como um dos grandes reformadores da vida monástica e também como defensor das imagens sacras, durante a segunda fase do iconoclasmo, ao lado do Patriarca de Constantinopla, São Nicéforo. Teodoro compreendera que a questão da veneração dos ícones interpelava a própria verdade da Encarnação. Nos seus três livros Antirretikoi (Confutações), Teodoro faz uma comparação entre as relações eternas intratrinitárias, onde a existência de cada uma das Pessoas divinas não destrói a unidade, e arelações entre as duas naturezas em Cristo, que não comprometem nele a única Pessoa do Logos. E argumenta: abolir a veneração do ícone de Cristo significaria eliminar a sua própria obra redentora, dado que, assumindo a natureza humana, a Palavra eterna invisível, apareceu na carne humana visível e deste modo santificou todo o cosmos visível. Santificados pela bênção litúrgica e pelas orações dos fiéis, os ícones unem-nos à Pessoa de Cristo, aos seus santos e, através deles, ao Pai celeste e dão testemunho do ingresso da realidade divina no nosso cosmos visível e material.
    Teodoro e os seus monges, testemunhas de coragem no tempo das perseguições iconoclastas, estão inseparavelmente ligados à reforma da vida cenobítica no mundo bizantino. A sua importância já se impõe por uma circunstância externa: o número. Enquanto nos mosteiros dessa época não havia mais que trinta ou quarenta monges, da Vida de Teodoro sabemos da existência global de mais de mil monges studitas. É o próprio Teodoro que nos informa sobre a presença no seu mosteiro de cerca de trezentos monges; portanto, vemos o entusiasmo da fé que nasceu no contexto deste homem realmente informado e formado pela própria fé. No entanto, mais do que o número, revelou-se influente o novo espírito que o fundador imprimiu à vida cenobítica. Nos seus escritos, ele insiste sobre a urgência de um voltar consciente ao ensinamento dos Padres, principalmente a São Basílio, primeiro legislador da vida monástica, e a São Doroteu de Gaza, famoso padre espiritual do deserto da Palestina. A contribuição característica de Teodoro consiste na insistência sobre a necessidade da ordem e da submissão por parte dos monges. Durante as perseguições, eles dispersaram-se habituando-se a viver cada qual segundo o próprio juízo. Agora, que fora possível reconstituir a vida comum, era necessário comprometer-se profundamente para voltar a fazer do mosteiro uma verdadeira comunidade orgânica, uma autêntica família ou, como ele mesmo diz, um verdadeiro "Corpo de Cristo". É em tal comunidade que se verifica de maneira concreta a realidade da Igreja no seu conjunto.
    Outra convicção fundamental de Teodoro é a seguinte: em relação aos seculares, os monges assumem o compromisso de observar os deveres cristãos com maior rigor e intensidade. Por isso, pronunciam uma profissão especial, que pertence às hagiasmata (consagrações) e é quase um "novo baptismo", cujo símbolo é a vestidura. Contudo, a característica dos monges em relação aos seculares é o compromisso da pobreza, da castidade e da obediência. Dirigindo-se aos monges, Teodoro fala da pobreza de modo concreto, às vezes quase pitoresto, mas no seguimento de Cristo ela é desde o início um elemento essencial do monaquismo e indica também um caminho para todos nós. A renúncia à propriedade particular, esta liberdade das coisas materiais, assim como a sobriedade e a simplicidade, valem de forma radical somente para os monges, mas o espírito de tal renúncia é igual para todos. Com efeito, não podemos depender da propriedade material mas, ao contrário, temos que aprender a renúncia, a simplicidade, a austeridade e a sobriedade. Somente assim pode crescer uma sociedade solidária e pode ser superado o problema da pobreza deste mundo. Portanto, neste sentido o sinal radical dos monges pobres indica substancialmente também a vereda para todos nós. Além disso, quando expõe as tentações contra a castidade, Teodoro não esconde as próprias experiências e demonstra o caminho de luta interior para encontrar o domínio de si mesmo e assim o respeito pelo próprio corpo e do próximo, como templo de Deus.
    Mas para ele as renúncias principais são exigidas pela obediência, porque cada um dos monges tem o seu modo de viver e a inserção na grande comunidade de trezentos monges implica realmente um novo estilo de vida, que ele qualifica como o "martírio da submissão". Também aqui os monges apresentam apenas um exemplo de quanto é necessário para nós mesmos, porque depois do pecado original a tendência do homem é fazer a própria vontade, o princípio primário é a vida do mundo e tudo o resto deve ser submetido à própria vontade. Mas deste modo, se cada um seguir somente a si mesmo, o tecido social não poderá funcionar. Só aprendendo a inserir-se na liberdade comum, a compartilhar e a submeter-se a esta, aprendendo a legalidade, ou seja, a submissão e a obediência às regras do bem comum e da vida conjunta poderei salvar a sociedade e eu mesmo da soberba de ser o centro do mundo. Assim, com uma introspecção requintada, São Teodoro ajuda os seus monges e enfim também a nós, a compreender a verdadeira vida, a resistir à tentação de pôr a própria vontade como máxima regra de vida, e a conservar a verdadeira identidade pessoal – que é sempre uma identidade em conjunto com os outros – e a paz do coração.
    Para Teodoro Studita, uma virtude tão importante quanto a obediência e a humildade é a philergia, ou seja, o amor ao trabalho, em que ele vê um critério para provar a qualidade da devoção pessoal: quem é fervoroso nos compromissos materiais, quem trabalha com assiduidade argumenta ele é-o também nos compromissos espirituais. Por isso não admite que, sob o pretexto da oração e da contemplação, o monge se exima do trabalho, também do trabalho manual, que na realidade é, na sua opinião e segundo toda a tradição monástica, o modo para encontrar Deus. Teodoro não tem medo de falar do trabalho como do "sacrifício do monge", da sua "liturgia" e até de um tipo de Missa através da qual a vida monástica se torna uma vida angélica. E precisamente assim o mundo do trabalho deve ser humanizado e, mediante o trabalho, o homem torna-se mais ele mesmo, mais próximo de Deus. Uma consequência desta visão singular merece ser recordada: exactamente porque é fruto de uma forma de "liturgia", as riquezas alcançadas a partir do trabalho comum não devem servir para a comodidade dos monges, mas ser destinadas à ajuda aos pobres. Aqui todos nós podemos entrever a necessidade de que o fruto do trabalho seja um bem para todos. Obviamente, o trabalho dos "studitas" não era apenas manual: eles tiveram uma grande importância no desenvolvimento religioso-cultural da civilização bizantina como calígrafos, pintores, poetas, educadores dos jovens, professores escolares e bibliotecários.
    Mesmo exercendo uma actividade externa muito vasta, Teodoro não se deixava distrair por aquilo que considerava estritamente atinente à sua função de superior: ser o padre espiritual dos seus monges. Ele sabia como fora decisiva a influência que tiveram na sua vida, tanto a boa mãe como o santo tio Platão, por ele qualificado com o título significativo de "pai". Por isso, exercia sobre os monges a direcção espiritual. Cada dia, menciona o biógrafo, depois da oração vespertina ele punha-se diante da iconostase para ouvir as confissões de todos. Aconselhava também espiritualmente muitas pessoas fora do próprio mosteiro. O Testamento espiritual e as Cartas põem em evidência esta sua índole aberta e carinhosa, demonstrando como da sua paternidade nasceram autênticas amizades espirituais no âmbito monástico e mesmo fora.
    A Regra, conhecida com o nome de Hypotyposis, codificada pouco tempo depois da morte de Teodoro, foi adoptada com algumas modificações no Monte Athos, quando em 962 Santo Atanásio Athonita fundou aí a Grande Lavra, na Rus' de Kiev quando, no início do segundo milénio, São Teodósio a introduziu na Lavra das Grutas. Compreendida no seu significado genuíno, a Regra revela-se singularmente actual. Hoje existem numerosas correntes que ameaçam a unidade da fé coral e impelem para um tipo de perigoso individualismo e soberba espirituais. É necessário comprometer-se em defender e fazer crescer a perfeita unidade do Corpo de Cristo, na qual podem compor-se harmoniosamente a paz da ordem e os sinceros relacionamentos pessoais no Espírito.
    Talvez seja útil retomar, no final, alguns dos elementos principais da doutrina espiritual de Teodoro. Amor ao Senhor encarnado e à sua visibilidade na Liturgia e nos ícones. Fidelidade ao baptismo e compromisso a viver na comunhão do Corpo de Cristo, entendida inclusive como comunhão dos cristãos entre si. Espírito de pobreza, de sobriedade, de renúncia, castidade, domínio de si mesmo, humildade e obediência contra o primado da própria vontade, que destrói o tecido social e a paz das almas. Amor pelo trabalho material e espiritual. Amizade espiritual nascida da purificação da própria consciência, da própria alma e da própria vida. Procuremos seguir estes ensinamentos, que realmente nos indicam o caminho da verdadeira vida.
  • Fonte: Vaticano
  • quinta-feira, 11 de outubro de 2012

    Artigo: Pode-se ter devoções particulares durante os atos litúrgicos?



    Pergunta

    Salve Maria!! Boa noite!! Bem, primeiramente agradeço a atenção de todos os que trabalham para nos responder, e peço a Deus que continue abençoado todos vocês que colaboram em defesa da fé e doutrina de nossa santa madre igreja.

    O assunto é: devoção. Um seminarista me disse certa vez que na missa não se deve haver devoção. Disse-me que não devemos ter devoção nem sequer ao Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, orações como Ave Maria e Alma de Cristo não devem ser rezadas na missa, e que a devoção da Liturgia das Horas é maior que a devoção ao Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor.
    Pergunto: realmente é verdade? Pois tenho dúvidas, não devemos mesmo ter devoção ao Corpo de Nosso Senhor? Existe algum documento da Igreja que afirme ou contradiga tal afirmação? Desde já, agradeço

    Resposta
    Salve Maria.


    Prezado Sr. Alex, estimadíssimo em Cristo,

    Antes de tudo, desejo agradecer ao senhor pelas palavras tão gentis com que nos honra em sua carta. Obrigado, também, pelos seus pedidos ao Altíssimo por nosso apostolado.

    Sua pergunta é, por demais, pertinente. Se é verdade que alguns abusos ocorreram, algumas décadas atrás, nessa questão do relacionamento entre a liturgia e a devoção privada, eles foram, por outro lado, corrigidos pelos Papas, São Pio X e por Pio XII, sobretudo. Desse erro extremo de desvalorizar a oração pública da Igreja, quase que a substituindo pela devoção privada, surgiu, entretanto, um outro, por conta do modernismo e do progressismo: a aniquilação da piedade particular, como se só a Missa e a Liturgia das Horas contassem para a alma devota.

    Devemos, como em tudo, afastar os extremos. Eles não são bons conselheiros.

    A liturgia é a oração de toda a Igreja, em sua catolicidade, universalidade, ainda que recitada por um só, ainda que celebrada pelo padre sem assistência de um só fiel. Já a oração privada é sempre individual, ainda que feita com o concurso de um grande número de pessoas ao mesmo tempo.

    É verdade que a Missa é a maior das orações, pois é a entrega excelente, perfeita, única, irrepetível, suficiente, de Cristo na Cruz ao Pai, tornada presente diante de nós de maneira real e substancial, ainda que de modo incruento. Missa e Cruz têm a mesma unidade substancial, são a mesma coisa, o mesmo sacrifício. O que melhor se poderia dar ao Pai do que o próprio Filho entregue, por obediência, à morte pela nossa salvação? É o supremo culto de adoração.

    Da Missa deriva o Ofício Divino, a Liturgia das Horas, e, digitando essa expressão em nossa busca, o senhor encontrará alguns bons artigos sobre ela e sua importância.

    Sem embargo, da liturgia, i.e., da oração oficial, pública da Igreja, nascem as expressões privadas. Longe de competir com elas, nutrem-se mutuamente. São esferas distintas, mas que, mutuamente, se relaciona, e devem ser respeitadas. Não pode a alma devota contentar-se com a oração pública, ainda que mais importante, objetivamente falando. É preciso avançar, ter um relacionamento íntimo com o Senhor, o que se faz, obedecendo ao conselho de Cristo, trancando-se no próprio quarto e orando a Deus em silêncio.

    A boa piedade individual, se bem conduzida, ortodoxa, e sem perder o nexo com a Igreja, faz com que a alma devota melhor participe da liturgia. E a liturgia bem participada fornece o alimento de santificação para que, na oração privada, o fiel cresça em santidade, tenha temas para a meditação e compreenda melhor os significados de suas devoções.

    Vejamos o exemplo do Sagrado Coração de Jesus. É bem verdade que a liturgia que cerca tal solenidade e seu culto é riquíssima: os textos da Missa, as leituras, o Ofício de tal festividade, a ladainha própria. Todavia, além dessa série de orações oficiais, públicas, que, mesmo recitadas ou celebradas por um só, perfazem toda a Igreja rezando ao mesmo tempo, a piedade individual discerniu uma série de outros atos, alguns deles aprovados expressamente pela Igreja (e os que não são, ao menos são louvados e recomendados por ela): atos de consagração e reparação ao Coração de Jesus, a prática das primeiras sextas-feiras de cada mês, a entronização do quadro ou da imagem do Sagrado Coração, as diversas músicas com a temática sacrocordiana (“Coração Santo, tu reinarás...”, por exemplo). Como se pode, a pretexto de valorizar a liturgia, o culto público, desfazer de toda essa rica piedade particular? Será mesmo que a oração oficial da Igreja é diminuída quando temos, ao seu lado, e em seu justo lugar, a devoção pessoal? Não será que a liturgia é melhor compreendida quando valorizamos a oração privada, e a oração privada é enriquecida quando temos nela o espírito da liturgia?

    Enfim, quem afirma que a Liturgia das Horas é a maior devoção comete um equívoco monumental. Liturgia das Horas não é nem devoção, muito menos a maior. É outra classe de exercícios espirituais. Como o nome diz, é liturgia, culto público, oficial. Não se trata de contrapor essa Liturgia das Horas às devoções. Estão em campos distintos. Tanto a liturgia – aliás, a Liturgia das Horas NÃO é obrigação do fiel, mas do clérigo e do religioso, embora o fiel POSSA recitá-la – quando a infinda série de devoções privadas, se aprovadas ou recomendadas pela Igreja, têm seu espaço na alma piedosa, na mente católica.

    Por último, é claro que o senhor pode ter devoção ao Corpo e ao Sangue de Cristo. Se não tivesse, qual o sentido de ir à Missa, já que nela é que se oferece a morte de Cristo ao Pai e, ordinariamente, se comunga desse Corpo e desse Sangue? Aliás, a adoração ao Senhor Eucarístico, em que pese poder ser feita a título de devoção privada (visitando o sacrário, fazendo comunhões espirituais, tendo uma hora eucarística etc), pode muito bem ser feita de modo litúrgico, oficial: a Igreja estabelece um rito chamado “Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento”, presidido, de modo ordinário, por um clérigo, ou, em sua falta, por um ministro leigo deputado pelo Bispo.

    Será que os modernistas irão tachar de antilitúrgica uma prática que, para a autoridade da Igreja, é absolutamente litúrgica? Não duvido! Até porque, quando muitos deles condenam as devoções privadas (o que é ruim), querendo salientar a Liturgia das Horas (o que é bom), na prática, trocam essa última por seu arremedo relativista e comunista: o satânico “Ofício Divino das Comunidades”.

    Espero que essas poucas linhas sirvam para a sua reflexão.

    Em Cristo,

    quarta-feira, 10 de outubro de 2012

    Video: 07 - A Resposta Católica: Todas as religiões são igualmente boas?


    Lembrança: Notícia de 2009! Pra não dizer que ninguém sabia.


    PT e Cristianismo: Casamento Impossível

    closeAtenção, este artigo foi publicado há 2 anos 11 meses 16 diasatrás.
    [Autor: pe. Rodrigo Maria
    Fonte: Jornal "A Jesus por Maria - Carta Circular aos amigos da Arca nº 8" - Set/2009
    Fraternidade Arca de Maria
    ]

    PT E CRISTIANISMO:
    CASAMENTO IMPOSSÍVEL

    Já faz algum tempo que o Partido dos Trabalhadores, o PT, tem mostrado com toda a clareza o que é, o que pensa, o que faz e o que pretende fazer. Quem possui a fé cristã, e conserva ainda que uma mínima capacidade de raciocínio, consegue perceber a total incompatibilidade entre cristianismo e petismo. Já dizia [o] Papa Pio XI que ninguém pode ser ao mesmo tempo católico e comunista, nem mesmo católico e socialista, pois os fundamentos da fé cristã e seus princípios se opõem diametralmente aos princípios das doutrinas comunista e socialista.
    Basta abrir os olhos e ver o que o PT tem feito e defendido para se concluir que o pensamento e a prática desse partido são contrários à nossa fé.
    O PT tem como metas e programa de governo, entre outras coisas:
    • a legalização do aborto;
    • o “casamento” de homossexuais;
    • a liberalização da maconha e outras drogas;
    • a criminalização da “homofobia”. (Uma pessoa que fale contra o homossexualismo poderá ser presa)
    Tudo isso, sem contar a aprovação em 2005 da Lei de Biossegurança, que foi sancionada pelo presidente Lula, que permite a destruição de embriões humanos, a pretexto de se fazer pesquisas científicas, reduzindo o ser humano a uma cobaia ou rato de laboratório. Sem contar ainda, toda a já comprovada roubalheira deste governo petista que armou o maior e mais vasto sistema de corrupção que já existiu na história do Brasil.
    Por tudo isso, não é possível ser católico e petista ao mesmo tempo, como não é possível ser católico e ateu ao mesmo tempo, como não é possível ser católico e macumbeiro ao mesmo tempo… Pois ninguém pode servir a dois senhores. Um católico que queira ser coerente com sua fé não pode se filiar, votar ou apoiar este partido e quem quer que seja que por ele se candidate ou nele permaneça, pois todas essas idéias e ações não são o pensamento de um ou outro petista, mas sim o ensinamento e o programa do partido. Se alguém diz ser contrário ao aborto, ao casamento de homossexuais e [à] liberação da maconha, por uma questão de coerência e princípio deve abandonar o PT e/ou partidos similares, que levantam estas bandeiras, pois se aí permanece, prova que compartilha as mesmas metas por conivência ou é um oportunista.
    O que realmente comprova que um católico é fiel a Cristo, e à Santa Igreja nos assuntos acima referidos[,] é defender a vida de maneira incondicional, e jamais fazer parte [de] ou permanecer em uma organização ou partido que sejam contrários a quaisquer princípios da fé que professamos.
    Muitos políticos, militantes e simpatizantes do petismo ou de partidos comunistas, alegam a sua presença ou apoio a este partido citando o apoio direto ou indireto de alguns padres ou bispos a esse partido. A esses devemos lembrar sempre a palavra de Nosso Senhor que diz que um cego não pode guiar outro cego. Se há padres ou mesmo bispos mal orientados que[,] em contradição com os ensinamentos de Cristo e da Igreja, assumem uma atitude de apoio a partidos abortistas e gaysistas, nós em consciência não devemos neste ponto segui-los, pois[,] como dizia o Papa João Paulo II, um cristão não pode ser favorável ao aborto de nenhum modo, nem apoiá-lo pelo seu voto, ajudando a elevar ao poder um partido contrário à vida.
    O petismo e o comunismo em geral são quase uma religião que em suas premissas se opõem ao cristianismo. Não se pode apoiar o projeto deste partido a pretexto das coisas boas que faz ou diz fazer, uma vez que nega às crianças por nascer o mais fundamental dos direitos, que é o direito à vida, e atenta contra a sacralidade da família, defendendo o gaysismo e “uniões alternativas”, querendo equipará-las à família criada e santificada por Deus.
    Se alguém, apesar de estar consciente de tudo isso, quiser ficar ou apoiar o PT ou candidatos pertencentes a esse partido, deveria ao menos ter a [h]ombridade de rasgar o batistério e deixar a Igreja de Cristo em paz.
    Pe. Rodrigo Maria
    * * *

    terça-feira, 9 de outubro de 2012

    Aviso: Consagração a Virgem Maria!!!



          É com alegria que venho comunicar que já falei com o pessoal da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus, e eles confirmaram um curso de consagração para nós todos e quem mais pudermos convidar. Uma enquete ao lado (na coluna direita do Blog), terá o objetivo de contabilizar mais ou menos os interessados.

          O curso acontecerá nas sextas-feiras a noite, e falta apenas pedir a autorização do Pe. Ataíde para eu poder divulgar o locar e a hora. Lembrando que o curso é inteiramente GRATUITO.!!!

    Não esqueçam de avisar aos outros da turma de Crisma 2012, pois alguns não tem acesso diário ao Blog.

         Logo abaixo fica postado um vídeo explicando mais ou menos do que se trata. O vídeo é um tanto longo, mas vale a pena assistir.

    Ate mais!


    segunda-feira, 8 de outubro de 2012

    Notícia: Ex-mordomo do Papa poderia receber até quatro anos de prisão.




    Paolo Gabriele
    VATICANO, 28 Set. 12 / 12:08 pm (ACI/EWTN Noticias).- Começa neste sábado o julgamento de Paolo Gabriele, o ex-mordomo do Papa Bento XVI, e seu cúmplice, o técnico em informática Claudio Sciarpelletti. Os suspeitos poderão receber uma sentença de até quatro anos de prisão pelo "furto agravado de documentos reservados".

    Conforme explicou ontem na Sala de Imprensa do Vaticano, o promotor de justiça do Tribunal de Apelação do Vaticano, Giovanni Giacobbe, o processo será feito a portas abertas e a primeira audiência será dirigida por um tribunal composto por três juízes leigos.

    O promotor assinalou que segundo a lei 403 do Código Penal, a pena mínima por "roubo com agravante" para Paolo seria de três anos, e a máxima de até quatro. Enquanto que o delito de "cumplicidade" tem a pena de um ano.

    Segundo os acordos do Vaticano com a Itália, a pena seria cumprida em um presídio italiano porque o Vaticano "não conta com uma estrutura presidiaria", assinalou Giacobbe.

    Bento XVI, como soberano absoluto do Estado Cidade do Vaticano, poderia eventualmente conceder a graça a seu ex-ajudante em qualquer momento do processo, embora, uma vez iniciado, e devido à distinção entre o direito canônico, que rege a Igreja Católica, e o código penal, que rege o Estado da Cidade do Vaticano, o Santo Padre deveria esperar até o fim do processo para intervir.

    O julgamento terá caráter público e a ele poderão comparecer um número limitado de pessoas, entre eles, alguns jornalistas. A gravação está estritamente proibida e somente imagens do início da sessão serão publicadas.

    O advogado Giacobbe explicou que o processo não tem uma duração específica, e os acusados poderiam não apresentar-se pessoalmente se decidem enviar seu advogado de confiança.

    No caso de não apresentarem um advogado, se atribuir-lhes-ia outro defensor. Os suspeitos não poderão fazer juramento durante o processo, mas as testemunhas têm o dever de fazê-lo.

    O perito explicou que o tribunal não poderá pedir assistência à Comissão Cardenalícia que o Papa nomeou para a investigação interna do vazamento dos documentos. Porém, se esta comissão, liderada pelo Cardeal Julián Herranz, decida intervir, o tribunal estará aberto à sua colaboração.

    No mês de maio deste ano, o mordomo do Papa, foi detido pela posse de documentos reservados do Vaticano, e permaneceu dois meses em uma cela de segurança na delegacia vaticana.

    Posteriormente, esteve sob prisão domiciliar em seu apartamento na Cidade do Vaticano, onde vive com sua esposa e três filhos, e atualmente, está sob liberdade condicional.

    Conforme explicou Giacobbe, Paolo poderá apresentar-se a julgamento por sua própria vontade "sem necessidade de ir acompanhado pelo corpo da delegacia vaticana".

    Depois de terminar a fase de interrogatório formal, a primeira audiência do processo judicial será na Sala das audiências do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano no próximo dia 29 de setembro às 9:30h hora de Roma.

    sexta-feira, 5 de outubro de 2012

    Notícia: Bispo norte-americano oferece dez simples conselhos para viver o Ano da Fé.




    Dom David Laurin Ricken
    WASHINGTON DC, 28 Set. 12 / 03:46 pm (ACI/EWTN Noticias).- O Presidente da Comissão para a Evangelização e a Catequese da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB), Dom David Laurin Ricken, propôs dez simples conselhos para viver o novo Ano da Fé, que começará a partir do próximo dia 11 de outubro e estará dedicado à Nova Evangelização.

    Segundo as indicações da Congregação para a Doutrina da Fé, e através da página web da USCCB, Dom Ricken recordou que o objetivo deste Ano é reforçar a fé dos católicos e aproximar o mundo à fé mediante o exemplo.

    Para levar adiante esta missão que o Papa Bento XVI encomenda ao povo de Deus, Dom Ricken, propõe: participar da Missa, acudir à confissão, conhecer mais aos Santos, ler a Bíblia todos os dias, conhecer os documentos do Concílio Vaticano II, estudar o catecismo, fazer voluntariado na paróquia, ajudar aos necessitados, convidar os amigos para a Missa, e encarnar as Bem-Aventuranças.

    Dom Ricken, Bispo de Green Bay (Wisconsin), recordou que o primeiro é participar da Santa Missa para viver um encontro pessoal com Deus, do modo mais imediato, "uma participação regular na Missa reforça a própria fé através das Escrituras, do Credo, das orações, da música sagrada, e da homilia, recebendo a Comunhão e formando parte de uma comunidade de fé", indicou.

    O segundo é confessar-se. "Os católicos recebem forças e aprofundam sua fé celebrando o sacramento da Penitência e Reconciliação", e a Confissão "chama a voltar para Deus, a expressar a dor pelas quedas, e a abrir nossavida à potência da graça curadora de Deus. Perdoa as feridas do passado e dá força para o futuro".

    Em terceiro lugar, conhecer a vida dos Santos ajudará os fiéis a ter exemplos válidos de como viver uma vida cristã, através de diferentes formas como a docencia, o trabalho missionário, a caridade, a oração, e tratando de agradecer a Deus nas ações e decisões comuns da vida cotidiana.

    Ler a Bíblia diariamente seria outro passo, porque oferece um acesso direto à Palavra de Deus e narra a salvação dos homens, "não se pode prescindir da Bíblia para um crescimento sadio durante o Ano da Fé".

    Também é recomendável ler os documentos do Concílio Vaticano II –que neste ano se comemora seu aniversário de 50 anos-, para levar adiante seu trabalho de renovação no campo da celebração da Missa, do papel dos leigos, do ecumenismo e no diálogo interreligioso.

    Outro ponto fundamental, é ler o Catecismo da Igreja Católica, que há 20 anos recolhe em um só volume os dogmas de fé, da doutrina moral, da oração e dossacramentos da Igreja Católica, e serve como "um verdadeiro recurso para crescer na compreensão da fé".

    Participar da paróquia também pode ajudar a viver em plenitude o Ano da Fé, porque este "não pode limitar-se ao estudo e sua reflexão", e para que "os carismas de todos ajudem a construir a comunidade". Segundo Dom Ricken, dar acolhida, acompanhar musicalmente a liturgia, fazer as leituras, e dar catecismo, são somente alguns âmbitos nos quais ajudar na vida paroquial.

    Em oitavo lugar, recordou que ajudar aos necessitados é algo fundamental, "a Igreja pede aos católicos para fazer doações de caridade e socorrer aos mais necessitados durante o ano da fé, porque no pobre, no marginalizado, e no vulnerável, encontra-se Cristo pessoalmente".

    O Prelado também animou a convidar aos amigos e conhecidos para assistir a Missa, "um convite pessoal pode realmente marcar a diferença para alguém que se afastou da fé ou se sinta um estrangeiro dentro da Igreja. Todos conhecemos alguém assim, por isso é formoso levá-los e convidá-los amigavelmente".

    Por último, Dom Ricken animou a encarnar as Bem-Aventuranças na vida diária, para crescer na humildade, paciência, justiça, misericórdia, transparência e na liberdade. "É precisamente o exemplo da fé vivida o que aproxima do Ano da Fé", concluiu.

    quinta-feira, 4 de outubro de 2012

    Santos: São Clemente Romano


    Por Roque Frangiotti e Alessandro Lima
    Viveu no final do primeiro século da era cristã. É identificado como colaborador de São Paulo (cf. Fl 4:3). Esta informação foi confirmada por outros cristãos como Orígenes (cf. In Ioan. 6:36; De Principiis 2,3,3.) e Eusébio de Cesaréia. Segundo este último: "(...) Anacleto, tinha sido bispo da Igreja dos romanos durante doze anos, foi substituído por Clemente que o Apóstolo [Paulo], em sua carta aos Filipenses, declara ter sido seu colaborador(...)(História Eclesiástica III,15).
    Irineu de Lião, por sua vez, recolhe uma informação de que Clemente teria sido o 3º sucessor de Pedro, no episcopado de Roma, e conhecera pessoalmente São Pedro. Tertuliano confessava que Clemente teria sido consagrado pelo próprio São Pedro, mas teria renunciado em favor de Lino e só assumiu o episcopado depois da morte de Anacleto.
    Os cristãos que viveram após a época de Clemente, acreditavam ser ele o autor da Epístola aos Hebreus, devido à semelhança do estilo que esta carta tinha com sua Carta aos Coríntios. Embora alguns achassem que a Carta aos Hebreus tivesse sido escrita por Lucas, também colaborador de São Paulo, a autoria atribuída a Clemente era mais aceita no cristianismo primitivo.
    Atribui-se a Clemente também as seguintes obras: Reconhecimentos, Pseudo-clementinas. Mas, o que se sabe com toda a certeza é que escreveu uma Carta aos cristãos de Corinto, no final do primeiro século.

    quarta-feira, 3 de outubro de 2012

    Notícia: Jornal do Vaticano: Papiro sobre "esposa de Jesus" é falso!




    Foto: Karen L. King
    VATICANO, 28 Set. 12 / 04:04 pm (ACI).- O jornal vaticano L’Osservatore Romano (LOR) assegurou que o papiro do século IV apresentado dias atrás em uma conferência no qual se afirma que Jesus teria tido uma esposa, é falso.

    Em um breve artigo assinado pelo diretor do LOR, Giovanni Maria Vian, o jornal afirma a partir do seu título "De qualquer forma, uma falsificação", que o papiro analisado pelo perito italiano em língua copta, Alberto Camplani, professor de história do cristianismo da Universidade Sapienza de Roma não é fidedigno.

    Essa casa de estudos foi um dos organizadores do congresso no qual realizou-se o anúncio da descoberta da inscrição da pequena parte de papiro de 3,8 x 7,6 centímetros.

    Camplani assinala que "à diferença de outros papiros não foi descoberto em uma escavação, mas provém de um mercado de antiguidades, e requer a adoção de precauções, que excluam que este se trata de uma farsa".

    O papiro em questão leva a frase "Jesus lhes disse, minha esposa" e foi apresentado pela investigadora do gnosticismo Karen L. King, da Universidade de Harvard, quem  há anos tenta demonstrar uma tese feminista sobre um papel mais relevante das mulheres nas origens do cristianismo afirmando que os Apóstolos eram 11 homens e Maria Madalena.

    Esta tese a mesma sugeriu em um livro titulado "As imagens femininas nos Evangelhos" que foi descartado por um prestigioso papirólogo alemão quem ao receber o manuscrito do texto assinalou que "não tenho mais o mínimo interesse neste texto por sua falta de seriedade".

    Sobre o papiro do século IV, que circulou nos meios de comunicação com o questionamento do celibato de Jesus e portanto para os sacerdotes da Igreja Católica, o perito Camplani recorda ainda que a mesma King não acredita que ele seja uma prova de que Jesus esteve casado.

    "Trata-se de expressões totalmente metafóricas, que simbolizam a consustancialidade espiritual entre Jesus e seus discípulos, que são ampliamente difundidas na literatura bíblica e na literatura cristã primitiva", explicou.

    Por sua parte, Giovanni Maria Vian ressaltou que Karen L. King preparou toda uma estratégia para anunciar seu descobrimento "sem deixar nada ao azar: meios americanos foram advertidos e houve uma roda de imprensa prévia com King para preparar a exclusiva mundial, que, entretanto, foi posta em dúvida pelos especialistas".

    Vian indica ademais que uma série de razões consistentes fazem pensar que o papiro é uma "torpe falsificação, como tantas que chegam do Oriente Médio".

    "Fica uma imagem, absolutamente implausível, de uma leitura do fenômeno gnóstico, tendenciosa e infestada de uma ideologia contemporânea que não tem nada a ver com os fatos históricos do cristianismo antigo nem com Jesus. Em resumo, trata-se, em todo caso, de uma falsificação", conclui Vian.

    terça-feira, 2 de outubro de 2012

    Artigo: A solidão que o feminismo causa.



    Pois bem; ela agora está pronta, mas o corpo dela já não está.Bibi

    Há alguns anos atrás, quando ela tinha 44 anos, e ainda era solteira, Bibi disse:

    Estou a olhar para dentro do longo barril dum futuro solitário sem marido, abandonada, sozinha e sem filhos. Como é que eu me meti nesta posição tão delicada? Um dos motivos é o fato dos homens gostarem das mulheres mais novas. Sim, eu também já fui jovem e tudo o mais. Quando estava na casa dos 20 e dos 30, eu não era propriamente uma super-modelo, mas estava constantemente rodeada de homens. O problema é que na altura eu não queria "assentar".
    Ela agora teve que aceitar que é demasiado velha para ter filhos, e isto deixou-a desolada:
    Não consigo verbalizar o quão doloroso é não ter filhos. Sinto dores físicas precisamente onde o bebê haveria de crescer [útero].

    É aterrador saber que o meu legado começa e acaba comigo. Portanto, não haverá fotografias de reuniões familiares minhas e dos meus irmãos; não haverá momentos onde observarei, orgulhosa, os filhos a crescer; não há lugar natural no ciclo da vida.

    Vocês, mães, criaram a próxima geração. Uma nova linhagem - filhos e provavelmente netos. que são vossos e vocês são deles. Se vocês pensam que estas são palavras duma mulher amargurada que destruiu a sua própria vida e que agora está com inveja... então estão 100% corretas. Fico morta por dentro em saber que vocês [as mães] têm o bebê e eu não. Por que é que não aconteceu comigo? Sempre quis crianças, sempre assumi que teria crianças e que só não as tinha tido ainda porque só estive num relacionamento suficientemente sério para as ter.

    Com 40 anos, e ainda sozinha, descobri que era demasiado velha para a NHS IVF [National Health Service, In Vitro Fertilization]; não tinha dinheiro e como tal enterrei a minha cabeça na areia do "leio com frequência histórias de mulheres que engravidam na casa dos 40!"

    Foi então que o meu pai morreu. A dor reavaliou a minha a voltei a centrar-me em mim. (As pessoas querem sempre criar algo quando alguém morre. Um livro, uma pintura, uma criança.) Enchi-me de coragem e fiz os meus testes de fertilidade. Os mesmos revelaram que, com 46 anos, as minhas probabilidades de ter um filho eram virtualmente nulas.

    Foi então que me apercebi o quanto eu queria um bebê, e que nada do que eu tinha àquela altura significava alguma coisa, porque esse amor é o amor, e eu não o tenho e nem vou tê-lo, e como tal, não tenho nada.

    Esse amor é a chave de tudo, não é? Esse é o motivo que me leva a estar tão frustrada e o motivo pelo qual as mães devem estar agradecidas. Foi-nos dito que o amor entre uma mãe e o seu filho é a emoção mas linda e mais realizadora que existe no mundo - o sentimento que finalmente dá sentido à nossa existência. Eu pessoalmente não sei porque nunca o experimentei. No entanto, se a agonia de saber que nunca vou sentir esse amor serve de forma de medição, então eu alteraria todas as decisões que alguma vez tomei que me levaram a este lugar horrível.

    Já amei pessoas que morreram à minha frente, mas mesmo esse horror não se compara. A dor que eu sinto rasga-te por dentro (e ao teu futuro) porque, como me disse uma amiga que passou por esta situação e a quem, chorosa, contei toda a minha historia. "Nunca vais sarar, porque isto está bem dentro de ti. Isto era o que se supunha que você faria. Foi para isto que tu nasceste, mas tu não o fizeste."

    Nunca vou ficar grávida, nunca vou ser protegida pelo pai do meu filho, nunca serei amada por ele como a mãe do seu filho, nunca amarei como vocês (as mães com filhos) amam, nunca serei amada como vocês são amadas. Eu nunca significarei para alguém aquilo que vocês significam.
    Esta história ressalva um dos problemas da maternidade adiada. As mulheres da classe média têm apenas uma pequena janela de oportunidade (30 a 35 anos) onde é suposto elas tornarem-se sérias na sua busca dum parceiro, e ter filhos no momento em que a sua fertilidade começa a decair. É inevitável que muitas mulheres, e sem necessidade alguma, deixem passar esse breve período - especialmente aquelas que vagueiam durante essa pequena janela de oportunidade.

    Atualmente, nos EUA, 25% das mulheres com educação universitária com idades compreendidas entre os 40 e 44 estão sem filhos. Isto é uma variação enorme, se considerarmos que no período pós-guerra, essa índice centrava-se em 10%.

    Crê-se que os 30 anos sejam o momento crítico para as mulheres da classe média, mas será mais sensato recuar ligeiramente esse número como forma de dar tempo de encontrar alguém. Conhecerem-se, passar pelo noivado, casar e começar a ter filhos.

    Isto faz muito mais sentido que entrar em correrias nos momentos finais, quando as mulheres e os homens provavelmente já se habituaram ao estilo de vida de solteiros, quando as mulheres têm que competir com mulheres mais jovens, e quando não foi dado aos homens qualquer sinal para se prepararem para o papel de marido e pai.
    * * *
    Nunca é demais relatar histórias em torno da forma como as mulheres foram, e estão, a ser enganadas pela forma de pensar feminista: carreira primeiro, filhos depois. Embora isto possa parecer cruel, a verdade é que estes relatos devem ser amplamente divulgados e mostrados às mulheres atuais que ainda pensam que "podem ter tudo".
    A lógica e a razão não entram na mente feminista e como tal, pode ser que os relatos de outras mulheres façam aquilo que a lógica e a razão não conseguem.
    Bibi tem razão quando diz que não é atualmente uma super-modelo, mas olhando para a sua foto, e extrapolando alguns anos para trás, não é difícil construir um cenário no qual ela está rodeada por homens. A tragédia da história é que muito provavelmente qualquer um desses homens estaria disposto em ser seu marido.
    Mas ela decidiu que "não estava pronta"; primeiro era preciso investir na carreira e em si própria ao mesmo tempo que esbanjava os seus melhores anos com homens não-voltados para o casamento.
    Pois bem; ela agora está pronta, mas o corpo dela já não está.
    Como disse o autor do texto, as mulheres têm uma janela de oportunidade relativamente reduzida para encontrar o futuro pai dos filhos, travar conhecimento, casar e gerar as crianças.
    Se, pelo contrário, a mulher moderna resolve "esperar" durante os anos de beleza máxima (18-27), quando ela decidir que "está pronta", o tempo pode não jogar a seu favor. Por essa altura, não só ela tem contra si a idade (os homens estão programados para dar preferências às mulheres mais jovens), como tem também a biologia.
    O feminismo enganou e continua a enganar as mulheres.

    (Modificado a partir do original.)