quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Artigo: Padre Discute Cultura da Morte

Pe. Mário Marcelo Coelho, scj



“Minha vida recomeça a cada manhã e termina a cada noite”. Edith Stein

Talvez para muitos dos nossos católicos têm surgido a dúvida se o aborto é errado ou não, se é pecado ou não. No passado havia a certeza de que abortar uma criança é sempre errado. Mas de onde surgem as dúvidas de hoje? Aquilo que no passado era uma certeza hoje já é duvidoso. Estou certo de que as dúvidas que estão aparecendo na cabeça do nosso povo têm sua origem numa campanha que existe a favor do aborto e que estão sendo impostas de uma forma bem sutil. Esta campanha está criando em nossa sociedade a cultura do aborto.

Estamos entrando numa cultura da morte sem percebermos. Como diz o médico francês J. Lejeune, “se a saúde da mãe está ameaçada, se mata a criança; se a saúde da criança está ameaçada, se mata a criança; se a saúde pública está ameaçada, se mata a criança”. O aborto não é terapêutico, não cura a criança e nem resolve o problema da mãe, ele elimina a criança.
A morte direta e voluntária de um ser humano inocente é sempre gravemente imoral. Importante lembrar o que nos disse o Beato João Paulo II: “Nada e ninguém pode autorizar que se dê a morte a um ser humano inocente, seja ele feto ou embrião, criança ou adulto, velho, doente incurável ou agonizante”. Todos têm direito à vida.

Outro ponto importante quando se fala de aborto são as leis que permitem ou não o aborto. Temos que ter a consciência de que nem tudo aquilo que é legal é moral, leis que aprovam o aborto, que não defendem a vida desde o nascimento são danosas e não merecem ser respeitadas. Nenhuma legislação jamais poderá tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito. Portanto, o aborto é uma pena de morte decretada contra um ser humano frágil e indefeso. Por isto, com toda certeza afirmo que a vida humana é sagrada e possui dignidade inviolável e precisa ser defendida e preservada desde a concepção.

No entanto, a vida de uma criança no ventre da mãe deve ser protegida pela lei, cada qual no seu estágio de desenvolvimento. Trata-se de um direito inalienável. Permitir a interrupção dessa vida é praticar o crime de aborto. Não podemos admitir exceções. Independentemente das condições da mãe ou da criança, a vida humana sempre deve ser preservada. A Igreja se mostra radical quando o assunto é defesa da vida humana, em particular a indefesa. A defesa da vida humana tem que ser garantida apesar do que possa se desenvolver depois.

A Igreja católica é coerente com o pensamento de Jesus que assumiu a condição humana para trazer vida a todos e vida em abundância. A Igreja católica sempre se posiciona na defesa da inviolabilidade da vida humana, mesmo ainda não nascida. A proteção da vida humana inocente e indefesa deveria interessar a todos, acima de concepções religiosas ou ideológicas; é questão de humanidade, não apenas de religião. A vida deve ser acolhida como dom e compromisso. Há uma enorme diferença ética, moral e espiritual entre a morte natural e a morte provocada. Aplica-se aqui, o mandamento: “Não matarás” (Ex 20,13).

A cultura da morte não entrou em nossa sociedade de um dia para o outro, é uma cultura e como tal pode ser mudada. Acredito que, ainda antes de denunciarmos e combatermos os atentados à vida, que é também importante, temos de defender e exaltar a vida, celebrá-la e valorizá-la. E esta é a resposta a todos aqueles que defendem a cultura do aborto ou a cultura da morte. A vida é importante e por isto não se justifica o aborto. Cabe aos cristãos lutar e afirmar a vida. O aborto é um problema profundamente humano e por isto exige ser enfrentado e resolvido à luz da razão e por todos. A vida é sagrada e deve ser respeitada até o final e por isto não se pode adiantar o final da vida. A vida é o que temos de mais precioso.

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